- Mãe, desenha uma noiva?
E enquanto atendia à solicitação, minha filha tentava copiar meu desenho. Mas como não gostou da cópia que fizera, ficou muito frustrada:
- Ah não, mãe! tá horrível (lágrimas incluídas) !!! A minha não tá igual à sua! Não sei desenhar. Meu desenho é feio!

Então precisei intervir:
- Ei, você só tem 5 anos! E desenha bem pra sua idade. Quando eu tinha cinco, não desenhava bem. Eu desenhava feio.
- Sério?
- Seríssimo.
Então, fui até o maleiro, peguei uma caixa e retirei um papel velho de dentro:
- O que é isso, mãe?
- É um desenho que fiz quando tinha oito anos. Representa Cleópatra, rainha do Egito.
- Hahaha! Desculpa, mãe, mas eu achei feio. Tá horrível. Você desenhava mal, mesmo... hahaha. Olha a cabeça! É um círculo! E tem uns 8 dedos nessa mão! hahaha! E o nariz, cadê?
E continuou extasiada com as imperfeições da minha Cleópatra. Era um alimento à sua autoestima. Mas após uma curta pausa, perguntou muito séria:
- E como foi pra você desenhar bonito?
- Ah... ninguém começa desenhando bonito, filha. No início, eu fazia um montão de desenhos assim, imperfeitos. Mas não desistia. Tentava, tentava e tentava.
- Então se eu treinar muito, muito, muito, posso desenhar até melhor que você?
- Sim. O segredo do sucesso é insistir. Não existe outro caminho. Não é algo que se consiga apertando um botão.
Mostrei ainda outra Cleópatra que eu desenhara aos 18 anos. Mais pra Liz Taylor, admito (ai, a boca tá torta!).
Imagens persuadem mais que palavras. E minha filha pôde concluir que bom desempenho é fruto de muito, mas muito empenho.
Infelizmente, a juventude tornou-se imediatista. Quer tudo pronto e fácil. É a cultura do prazer , não do fazer. Mas é preciso saber pensar a longo e médio prazo. E, acima de tudo, é preciso saber esperar.
MORAL (de traseira de caminhão): Se os atletas desistissem a cada dificuldade, não existiriam campeões.